quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Estações da Vida



Escancarou-se o mundo a sua frente. Exatamente como haveria de ser. Não esperava que fosse tão cedo, tão rápido, tão intensamente fluindo. Daqui a um tempo, talvez. Não agora. Mas aconteceu, por um vacilo do destino, por um breve momento de ansiedade, que subitamente antecipou-se e desavergonhadamente revelou-se.

Agora estava ali, na sua frente. E diante de seus olhos, talvez nem ele acreditasse. Um equilíbrio instável tomou conta de si, em um limiar que a qualquer momento penderia para algum lado. Mas confiava na nova linha do tempo, a que fora redesenhada naquele instante, acreditava naquela nova ordem para os fatos.

Precisaria agir agora. E agiu.

Fez exatamente o que era pra ser feito e o que esperavam dele. Colocou os pontos em seus devidos lugares. Ordenou os planos na sequência determinada. E fez daquele outono, a melhor das primaveras.

Mas o universo, naquele momento, não conspirou a seu favor.

Por algum motivo que ele não conseguiria tão cedo entender. A vida tem dessas coisas, foi o que passou pela sua cabeça. Só mais um eufemismo para uma profunda decepção, internamente velada. Calou-se.

O mundo não estava preparado, ainda estava rodando e rodando e rodando e não mudaria seu curso para aquela ironia. Uma simples ironia. Não fora a vida que havia se antecipado diante de seus olhos, era ele quem estava em outra sintonia, inquieto como sempre. Ficou o aprendizado. Paciência é uma virtude que ainda estava desenvolvendo.

Há de aguardar o próximo outono, e esperar que as folhas simplesmente voem pelo seu caminho. Exatamente como há de ser...


Foto: [Marcela Condurú]

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Esse Rio é minha rua...

Uma homenagem do povo dos rios e iguarapés lá do Norte pro povo, que hoje aqui em São Paulo, viu as ruas virando rios...

ESSE RIO É MINHA RUA
( Paulo André e Ruy Barata )

Esse rio é minha rua,
minha e tua mururé,
piso no peito da lua,
deito no chão da maré.

Pois é, pois é,
eu não sou de igarapé,
quem montou na cobra grande,
não se escancha em puraquê.

Rio abaixo,
rio acima,
minha sina cana é,
só em falá da marditame
alembri de Abaeté.

Pois é, pois é,
eu não sou de igarapé,
quem montou na cobra grande,
não se escancha em puraquê.


Me arresponde bôto preto
que te deu esse pixé
foi limo de maresia
ou inhaca de mulhé.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Rotina Paulistana

Segunda-feira, no metrô pessoas sempre cheias de pressa, cara amarrada, com aspecto cansado e ar mal educado. Essa é a figura diária do paulista, na minha concepção. E sempre achei que fosse ficar imune a essas coisas.
Depois de 2 dias enfrentando, com chuva, o trânsito da marginal do Tietê, chegando em casa tarde da noite e tendo que acordar cedo no outro dia. Sinto na pele os “sintomas” que qualquer paulistano sente. Essa cidade é louca e se deixar enlouquece a gente.
O Tempo aqui se conta em horas... Horas no trânsito, horas de um lugar pra outro, hora pra trabalhar, pra encontrar o namorado. A cidade te engole junto com o horário. 24h parece pouco, mal da pra pensar.
A semana voa e o final de semana chega pra lembrar que as pessoas têm vida própria. A Cidade fica diferente o céu chega a ficar um pouco azul, os passarinhos cantam e as pessoas fazem até a proeza de sorrir de vez enquando.
Sábado e domingo são, para São Paulo, aquela respiração profunda e pensativa que a gente dá antes de retomar alguma tarefa...
Ai a segunda-feira chega e no metrô pessoas cheias de pressa, cara amarrada, com aspecto de cansaço e ar mal educado...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A vida é quase assim


Quase sou santo. Teria um perfil exato pra exercer todo um potencial celestial, se assim podemos dizer. Realmente poderia servir de exemplo, não fossem meus erros cada vez mais crassos, não fossem os palavrões que costumo proferir em alto estilo , não fossem as pragas que rogo aos bons filhos das putas desse mundo. Por uma vírgula talvez fosse santo, mas quase. Ahh se não fossem as tentações, que não deixo de ceder nem com reza.

Quase sou esperto. Sei de tudo que acontece ao meu redor, de todas as teorias que inventam, de todas essas artimanhas existentes. Posso facilmente convencer quem eu quiser, do jeito que eu quiser. Mas essa mania de quase confiar nas pessoas põe em xeque minha expertise. Cinco senhores vestidos de terno com risca de giz e chapéu, carregando malas de couro e empunhando armas nem sempre quer dizer que fazem parte de uma máfia. Ahh se não fossem essas aparências tão enganosas e essas teorias tão falhas.

Quase me apaixono. Ia me deixar levar por aqueles olhos tão doces e meigos, aquele sorriso tão espontâneo, aquele encanto tão natural. Poderia lhe dizer aquela música que me veio à mente na hora, que combinava perfeitamente com toda essa situação. Poderia lhe falar as palavras que teimavam em formar uma poesia. Decidi que era melhor deixar isso pra uma outra hora. Ahh se não fosse essa paralisia momentânea, que me deixa sem reação e bloqueia meus sentimentos.

Quase me distraio. Por um breve segundo deixei passar algumas oportunidades. Perdi o final da piada, mas não me acanhei ao riso da plateia, já que era só um final. Deixei de ver o gol, mas que se dane, não perdi a comemoração. Por um único instante não me atentei ao sorvete caindo na roupa, à cratera na calçada, ao copo derramando, ao poste no meio do caminho. Ahh se não fossem os detalhes.

Quase sei me definir, quase me definem, quase tenho opinião formada, quase tenho certeza, quase sei a receita, quase acertei, quase me molhei, quase escrevi, quase mandei, quase sorri, quase me entreguei, quase sou idiota, quase me acharam, quase achei bonita, quase sou irônico, quase sei cuidar, quase beijei, quase caí, quase consegui, quase sei o que é certo, quase sei que vai dar errado, quase sou assim...

É um contraponto entre o que pode ser e o que não é. É uma negação tímida do que se é. É certeza e é dúvida. Mais um eufemismo pra não se ter que falar a verdade constrangida e reveladora. É o pouco que falta tentando ser o inteiro. É uma invenção. É um álibi. Ahh se não fossem os quases...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Em homenagem

A muito tempo não escrevo nesse blog, e hoje resolvi contar a história de um personagem que passou pela minha vida e que infelizmente não foi eterno.
Uma pessoa com a incrível capacidade de puxar conversa e eu não to falando apenas de tagarelar sem parar (pois isso eu faço bem), mas de conversar com qualquer pessoa sobre qualquer assunto.
Meu avô era assim. Fila de banco era a oportunidade perfeita para falar da sua bem sucedida cirurgia de câncer no estômago, feiras e filas de supermercados eram lugares propícios para perguntar qual era o caixa preferencial porque ele tinha duas pontes de safena e uma mamária e não podia ficar esperando... Conseguia arranjar afilhado tão quanto coelho faz filhotes. Era uma pessoa contagiante!
Os assuntos que o meu avô puxava eram dos mais variados e me impressionava a capacidade dele de saber que assunto puxar com cada pessoa. A política geralmente era com os taxistas (nunca vi um assunto melhor pra se falar com um motorista do que falar mal do prefeito), com as senhoras falava da aposentadoria e do preço caro das coisas.
Com os mais novos ele tendia ao saudosismo... Falava dos tempos áureos dele e de como ele aprontou nessa vida. Do primeiro emprego e de como subiu na vida e criou 3 filhos.
Cor de índio, olhos verdes, baixinho e abusado. Boemia era um dos seus sobrenomes, ele era uma mistura de hippie, punk, boêmio... Cecílio era o nome verdadeiro, mas era conhecido como Seu Popó, personagem de Chico Anísio que tenho certeza foi inspirado nele.
Brincávamos que as histórias que ele contava deveriam ser escritas num livro. Ele não levava a sério, acho que no fundo sabia que ficaria eternizado por suas histórias contada de maneira singular.
Com seu primeiro salário fechou um puteiro, a primeira vez que viu uma visagem levou porrada da mãe. Foi comissário de bordo na Real Aerovias, trabalhou como contra regra em teatro, já foi de Office boy a diretor de RH do antigo DR, hoje SETRAN. Sua mulher (minha avó) recebeu o corpo da Carmem Miranda no Brasil, tem um filho ator, irmãs loucas e uma família absurdamente unida. Viveu várias vidas numa só. E aproveitou ao máximo do que a vida ofereceu!
Hoje ele descansa das loucuras que fez e vive dentro de cada um que conheceu o personagens, ou pelo menos uma de suas histórias!


Ao meu avô, que foi e sempre será meu herói! Queria escrever tâo bonito quanto foi a sua história!

sábado, 19 de setembro de 2009

A Vida é feita de compras


Você é o que você compra, definitivamente. Aceita para sua vida aquele item, aquela ideia. Adquire a personalidade daquilo, o jeito, as cores, todos os atributos e descrições e perfis que vêm juntos na compra. Nada de metáfora aqui, estou falando de coisas. Coisa: s.f: Bem material de valor ou não.

Comprar pipoca no cinema é fácil. Você tá ali no balcão das comilanças e a atendente manda: “Mais $3,50 e leve o combo médio!!!”. Você nem pensa muito, no máximo dá uma olhada pra sua companhia, vendo se ela concorda. Pronto, é fácil deduzir que você adora uma promoção sem pensar. E tem aquele que chega na sala com um milk-shake de chocolate, com aquela calda escorrendo dentro do copo e ainda acompanhando um pacote de ruffles de cebola e salsa. Não é qualquer um que consegue fugir do clichê cinematográfico! É alguém que realmente decidiu o que queria comer naquele momento e que deve ser cheio de impulsos comestíveis ou, no mínimo, com manias suficientes para sempre comprar a mesma coisa.

E o que dizer de quem vai à feira, domingo de manhã, comprar verduras e legumes? A pessoa já passa dos 30. Só o fato de acordar cedo no dia mais preguiçoso da semana já denuncia o peso da idade. Se o indivíduo sai pra baladones no sábado, chega na madruga em casa e, ainda assim, levanta no outro dia pra ir comprar tomate e brócolis, é porque deve ter alguma coisa trocada nesse aí. “É que a hiperatividade bomba”, “Ahh, é que eu moro só”, “Que nada, é porque sou super saudável”. Isso tudo é eufemismo. Você tá velho meu amigo, aceite essa condição!

Há quem diga que só vai bem ali comprar cigarro e que nunca mais volta. Há aqueles que só compram cerveja, outros que são adeptos da vodka com redbull, do whisky, tequila com limão, caipirinha de morango... Dá pra perceber a personalidade do ser pelo nível da bebida que ele compra, porque comprar da cachaça mais barata e aquela tubaína de laranja já diz muito sobre você.

A livraria é um lugar seleto. Ou ao menos deveria ser. Chegue próximo a alguém e veja o livro que está segurando. De Agatha Christie a Paulo Coelho, passando por Harry Potter e Crepúsculo. Lamento, o livro que você compra praticamente escancara quem você é! Ninguém chega do nada e pensa, “Ahh, que vontade de ler ‘Teorias do universo em expansão’”. Ninguém! E se você lê “Os 127 passos para uma vida feliz!”, lamento mais ainda.

São coisas que a gente compra por aí e que definem um pouco do que a gente é. Se acabou de receber o salário e já pensa “Vou comprar aquele Box do ‘De Volta para o Futuro’”, possivelmente esse box vai se juntar ao do “Senhor do Anéis” na estante. Ou então se pensou “Ahh, vou tirar uns dias de férias na Polinésia Francesa”, você tem realmente muito a comprar e é bem capaz de trazer da viagem aquela prancha de surf como lembrança, que vai ficar o resto da vida encostada na sala.

E ainda tem aquele pensamento melhor ainda...“Não vou comprar nada!”. É, tem aqueles que não compram nada. Preferem poupar, pensar no futuro, fazer coisas em longo prazo ou absolutamente não abrem a mão! “Não vou pagar $1,30 num café!!! De jeito nenhum!!! Não vou!!!”, “Ahh, $4,50 só pra entrar??? Mas não mesmo!!! Só porque tem um carinha tocando uma música aí??? Não conte comigo!!!”

É, você é o que você compra. Ou o que você não compra. Definitivamente.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

HiperatiVIDAde


Vai, vai, escreve logo! Acaba com esse texto de uma vez! Anda, anda! Meu Deus, preciso comer alguma coisa! Cadê o que sobrou da pizza de ontem? Eu comi pizza ontem??? Nem sei. Nãããooooo, comi cachorro quente! Xi, odeio essa novela! Não sei como o povo assiste isso, pelamor! Volte pro texto, vai! Temos muito ainda pela frente! Putz, preciso ligar pra mãe! Mas ela nem deve tá em casa ainda! Oi mããããeeeee!!! Mentira, o telefone só chamou, tava só ensaiando como iria atender! HAHA Fiquei pensando na pizza agora! Noooossa, hoje é quinta em dobro!!! Fechooou, vai ser pizza mais tarde! Preciso chamar a galere! Eeeeee legal! Cancela o trabalho pooovo! Que TCC o queeee! Quinta em dobro! Quinta em DOBROOO!!! TCC fica pra TerçaChatadoCaralho! HAHA Ninguém curtiu a piadinha! Povo mais sem graça! Esse mundo vai pro brejo com esse mau humor! Ok ok, não foi nada pra rir! Eu que me divirto com bobagem mesmo! Ohh a novela chata aí de novo! TV ainda insiste no comercial! Caramba! Que saco! E o povo gosta ainda! Só não gostam da piadinha! HAHA Talvez eu não esteja de tão bom humor assim! Textoooo! Foco garoto, foco! E o dogão fica nessa preguiça! É brinnncadeira hein! Eu aqui doido pra brincar! Doido pra jogar a bolinha! Doido pra deixar a comida cair no chão! Doido pra levar ele pra passear! Mas nem rola! Chuva interminável lá fora! Tornado nervoso! Eu hein ! São Pedro quando se dana a tacar água pra essas bandas não tem pena! Só pra ficar preso em casa! Arrrgh! Quero ir lá fora tomar chuva! Vamo ? Vamo ? Vamo ? Quero ir pra praia! 3 semanas só bebendo e comendo e depois surfar ! Preciso montar meu bar na praia logo! Uma hora dessas eu taria lá! Numa rede, tomando saquerinha de tangerina e comendo uns bons camarões! Fica a dica! E esse texto vai ficar pra depois, quando tiver com mais calma! Calma garoto, respira! Ohh a pressão hein! Eeee vidão de mousse!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A Vida é um Sonho

Às vezes, o sonho é tão real e tão realizador que a gente se recusa a acordar. É como se tudo que a gente esperasse ganhasse uma forma tão concreta, que a gente até agradece a graça. Tudo que a gente idealizou está ali, acontecendo, estamos vivenciando um momento sublime, o ponto alto de nossa breve história nisso tudo. Não que seja algo grandioso em feito, mas em importância.

É quando a realidade e os sonhos se misturam num emaranhado de emoções, que nos tornamos incapazes de distinguir o que é real ou o que simplesmente nossa mente inventou. Já estava escrito no sábio Dia do Curinga.

E degustamos aquele momento fantasioso, fantasticamente falando. Saboreamos cada detalhe, sensação por sensação. Aquele gesto fica marcante, o sorriso, a palavra... Você é capaz de ouvir até a trilha sonora impactante do clímax. Chamam-lhe ao palco, você é aplaudido de pé e recebe seu prêmio, sob a chuva de papel picado e às lágrimas e lágrimas e mais lágrimas da platéia. Você é o astro desse sonho. O mundo gira aos seus pés e nada mais tem importância. Parabéns!

Então acorda.

Acorda mas ainda não é capaz de digerir o real. Ainda está com as últimas percepções confortantes daquele que foi o momento de um dos maiores orgulhos da sua vida. Se pergunta se realmente não passou por tudo aquilo. Será que você anteviu ? Será que simplesmente manifestou o desejo do jeito que gostaria que acontecesse ? Mas o que poderia representar um desgosto enorme por tudo ter acabado e se desmanchado em crua realidade, se torna a esperança que você precisava pra seguir em frente. Porque tempos depois você ainda crê naquelas sensações, sabe que teve aqueles sentimentos por um instante e só há de esperar pela reedição daquela estação, pois tem a certeza que esteve exatamente onde queria estar... Sonhando.

domingo, 9 de agosto de 2009

Encontro da Vida

E ela chegou devastando tudo de novo.

_Eu não vou te deixar respirar dessa vez !

Foi súbito. Já me pegou de surpresa e nem era a primeira vez que isso havia acontecido. Não me preparei pra um tropeção desse inesperado.

_Você tem planos pra agora ? Adoro fazer você se perder de seus planos.

Não sabia mais como agir, ainda estava um tanto atordoado desde a última vez, ainda não tinha aprendido mesmo a lidar com essa situação. Já tinha me afogado nisso tudo.

_Adoro seu jeito de não conseguir me entender...

Sádica, como sempre. Fascinante, como nunca.

_ Não importa.

Eu sequer havia conseguido dizer uma única palavra, e ela já tinha se danado a falar e a falar e falar, de tal modo que eu já estava encurralado novo. Um instante em que tentei parar pra perceber aquela situação e ela já tinha me atropelado, em uma tal intensidade que o mínimo questionamento já não tinha mais fundamento. Lá estava eu, sufocado por ela.

_Lembra da última vez ? Você tentou me convencer, até falou coisas bonitas. Mas não, não passou nem perto de me deixar levar.

Não tive um único momento de simples contemplação. Não consegui parar com calma e reavaliar tudo. Ela nem me deu essa oportunidade, simplesmente ia atirando as coisas em cima de mim.

_Esse tipo de atitude nem sempre é o que a gente precisa. Já disse que não tenho pressa. É justamente nisso que você se perde...

Ela realmente se divertia com tudo isso. Até onde vão esses joguinhos ? Será que são ?

_Quer uma chance de me entender ? Me convide pra alguma coisa às 7.

São sim. Mas conheço alguns bons lugares pra dividirmos uma mesa.

_Só não ache que eu vá aceitar. Não tenho esse hábito. Já disse, não sou pra entendimento.

Se eu tinha algum pensamento que me desse orgulho, naquele momento, ele já havia tomado outro rumo.

_A gente se vê qualquer hora. Se cuida...

E foi assim que ela me transtornou de novo. Me provocando a pensar, quando, na verdade, o que ela quer é colocar à prova minha capacidade de improviso. É mesmo difícil conversar com a vida.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Dor de Cabeça

Sinto. Logo tenho, constantemente inclusive. E uma dúvida me persegue... Pesará a cabeça uma tonelada?

Caramba, uma tonelada de massa encefálica, neurônios... Se isso significar inteligência, vou ter como desculpa para minha irritação uma rebeldia incompreendida de gênios da humanidade.

Ai dor, serás patológica? Dor que algum tumor maligno causa em minha cabeça... Ou és apenas fruto da minha imaginação fértil que faz peso? Uma tonelada de imaginação fértil. Imaginação doída de se ter.

Mas dor... E se fores sentimental? De fundo psicológico? Daí não tem a justificativa de porque a cabeça pesa, ou então é justamente o “peso na consciência” de não ter feito ou ter feito algo. Arrependimento pelo não feito (pior arrependimento que existe) ou pelo feito, que também é um peso meio ruim de ter.

Mas se for psicológico, de uma coisa tenho certeza. A dor de cabeça é bem mais persistente que eu. Bem mais...

Então descobri, afinal, a cura. Aliás, eu remediei. Tomei uma pílula milagrosa que me fez parar de pensar em algo patológico e psicológico e me deu sono... Dormi e dessa vez não sonhei e nem fiz nenhuma teoria mirabolante sobre o que no momento parecia que ia ter fim.

Solução para essa dor? Lógico que tem. Jogue fora sua cabeça e compre outra nova e mude novamente toda vez que a dor for iminente. Ou então desista da sua cabeça meu amigo, pois certamente ela irá doer algumas vezes na vida. É... Nada tem só seu lado bom... Quer alguma pílula milagrosa pra isso? Eu também quero!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Vida Nômade

Ser sedentário é fácil, é muito além de um hobby. Já o nomadismo é para poucos. Nômade, é o que tenho tentado ser. Que fique claro que não estou falando do sedentarismo propriamente dito, não estou falando dos meus surtos eternos de preguiça ou a grande disposição que tenho de passar horas numa rede. Tcs tcs, nada disso.

Estou falando de mudar a rotina. Ir de encontro ao novo, com as coisas mais simples. Chegar numa pizzaria e ao invés de optar pela pizza de sempre, de peito de peru com catupiry, pedir uma de strogonoff, por exemplo. Não quero sentir o mesmo gosto toda vez, com a mesma soda com gelo e limão. Se você não faz questão mais nem do cardápio, acho que tá na hora de rever os conceitos.

Trocar o supermercado do lado de casa e ir num um cadin mais distante, só pra ver o que há de diferente na estrutura, nos produtos, na disposição dos corredores. Não quero entrar no lugar, seguir em frente, virar à direita e seguir em frente novamente até a segunda fileira de prateleiras, pra pegar o macarrão. Dá pra fechar o olho e ir colocando as coisas no carrinho. Não quero encontrar a mesma moça simpática de mais ou menos 1,60m, de aparelhos nos dentes e que vive com o cabelo preso. Ok, essa moça é de praxe em todos os supermercados do planeta. Mas, que seja, chega disso!

Vou desligar o automático e prestar mais atenção em tudo que me cerca. Dá pra questionar um pouco mais o mundo. Chega, chega! É hora de olhar a mesma coisa por outro ângulo. Olhar outras coisas. Chega de rir das mesmas piadas, quero novos motivos pros risos! E renovar também as lágrimas. Sim, se chatear com as mesmas coisas não dá mais! Quero mandar novas pessoas pra patacapareu! As mesmas já não levam isso a sério. Renovar é preciso. E ficar acomodado na mesma vidinha de sempre, fazendo as mesmas coisas a tempos, não leva nem até a esquina.

Não é uma questão de mudar de identidade, perder suas características ou simplesmente abdicar das coisas que gosta. Se gosta muito da bendita pizza de peito de peru com catupiry, peça essa de uma vez! Se o supermercado ao lado da casa é melhor e mais conveniente, continue indo nele! Se o vizinho continua chato, continue mandando ele visitar a querida mãe! Mas o quanto de coisa que a gente perde por não querer ir de encontro ao novo, isso é verdade. Ou será que dá pra dizer que gosta mesmo de sorvete, se sempre pede só o de chocolate?

Vez em quando é bom largar o sedentarismo. Só não estou falando pra você deixar a rede numa tarde chuvosa de domingo. Não não, não é nada disso. Mas um bom sofá também tem o seu valor.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A chuva

Eu acho engraçado a minha relação com a chuva. Nasci na cidade onde a chuva tem hora pra cair, Belém do Pará. Eu sempre fui aquela pessoa que podendo, toma banho de chuva, costumo dizer que sempre morei em prédio mas fui criada em vila, então brincar na chuva fez parte da minha história!

Em Belém a chuva também é boa pra amenizar o calor e pra catar manga, qual o paraense já não fez isso?

Ai eu me mudei pra a terra da garoa. Aqui em São Paulo a chuva me parece mais triste, é uma chuva cinza… Achei inclusive, as pesoas mais irritadas pelo fato de estar chovendo.

E eu realmente sinto falta daquela chuvinha na hora do almoço com o sol brilhando. Onde a minha mãe sempre dizia que sol e chuva era casamento de viúva. Acho que aqui em São Paulo as viúvas não casam.

Nasci respirando água, na cidade onde quente e úmido não é só a temperatura, é oestilo de vida. É vim pra cidade da poluição, saí da selva amazônica pra Selva de pedra.

E a chuva? A chuva não é só um fenômeno climático, é parte da lembrança boa que Belém deixa.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Conto da vida!

Sempre achei que fosse encontrar a mulher da minha vida numa daquelas situações clichês do cinema água com açúcar. Vou ao supermercado, escolho o molho de tomate e quando vou pegá-lo, pulft! Eis aquela mão delicada, com as unhas pequenas, mas bem feitas, pegando o mesmo molho. A gente solta um “err, desculpa...” meio gaguejado e, tá lá, tempinho depois estamos contando essa historinha de como a gente se conheceu de forma inusitada. Ela vai dizer que achou “bonitinho” o fato deu ter ficado um tempo escolhendo o molho, pensando alto se levava o de pizza ou o tradicional. Eu vou dizer que fiquei enrolando ali propositalmente, esperando que ela chegasse até a prateleira. E no fundo no fundo, a gente vai saber que tudo isso tinha sido obra do destino. Uma pena que a Scarlett Johanson não tenha aceitado esse papel.

Acabei indo à lavanderia, dessas Lav&Lev, em que ficam um monte de máquinas de lavar e um monte de cadeiras e Contigos! de 1997, mostrando na capa a Sheila Mello no carnaval de Salvador. Enquanto via as fotos da moça, que tinham sido tiradas de um ângulo um tanto de baixo pra cima, senta próximo a mim uma super loirinha que eu nem tinha visto entrar. Olho uma, duas vezes, e ela sorri meio timidamente. Pergunto sobre o que tá ouvindo no iPod, ela diz um nome meio estranho e me explica sobre a história da banda. Acho meio alternativo, mas nem ligo. Ela me convida a ouvir, me dando um fone. Sento na cadeira ao lado e então ouvimos e conversamos sobre descontrações. Falo sobre a vida de morar só e ela me conta sobre os favores que a mãe pede pra fazer quando a máquina da casa quebra. Pronto, pois toda a vez ela passa a contar pros nossos amigos sobre a minha samba-canção do Snoopy, que sem querer deixei à mostra na minha cesta.

Talvez eu seja mesmo o último romântico. Talvez eu esteja vendo filmes demais com as companhias erradas! Nem sou príncipe, muito menos sapo. Nem tenho qualidades que me façam entrar num conto, mas se o sapo me oferecer o seu papel, eu juro que aceito! Estar no brejo nunca foi problema, só não abro mão da breja. Uma boa dose daquilo que passarinho não bebe tem surtido mais efeito que o molho de tomate. Aliás, tenho tentado largar o vício do supermercado. Talvez, por isso, minha geladeira esteja às moscas. Ótima dieta para anfíbios, não?! Também tenho lavado minhas roupas em casa e meu pé no chuveiro, viu seu sapo? Esse papo de não lavar porque não quer, não vai colar comigo. Mas não se aborreça, porque se a Scarlett aceitar aquele papel, prometo um contrato vitalício pra você com as fadas.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Passado x Futuro

É no mínimo engraçado ver o saudosismo que abala as pessoas hoje em dia quando falam de música. E você vê em número essa nostalgia aumentando junto com o número de LP’s vendidos.

Eu particularmente sou adepta a mudanças, gosto do novo, do futuro e, principalmente, da facilidade da vida moderna. Antigamente meu pai dizia que algo conservador era igual a embalagem de maizena, nunca muda! Pois eu tenho uma novidade, mês passado eu fui ao supermercado e a embalagem da maizena mudou! Mudou cara!

Neguinho vem me falar que com a chegada do MP3 a qualidade sonora caiu... Eu concordo, mas também questiono... Que qualidade sonora tem a música do Nxzero, por exemplo? Pra ouvir essas bandas novas não precisa de uma tecnologia destacando a sonoridade boa. Porque ela simplesmente não existe! Então pra que gastar grana num LP do Nxzero, quando se pode baixar o MP3 deles por 99 centavos ou até de graça?

Acho que no mundo de hoje, a tendência é aceitar de tudo. Você vai pra São Paulo, entra numa das lojas mais modernas de música e encontra aparelhos “sessão nostálgica” que é um tocador de vinil e CD.

Acho isso sensacional. Adoro escutar Janis Joplin, Beatles, Cazuza e outros tantos num vinilzão... Mas há de convir que isso não é pro dia-a-dia... Pra academia eu quero um MP3, que é um pouco maior que uma pilha, pro meu carro eu quero um CD com a minha seleção. E assim a vida da lugar pra cada um!

Coisas obsoletas sempre existiram e foram substituídas sem reclamação. Ou você reclama de usar um carro com direção hidráulica, quando no passado o carro do brasileiro era um fusca?

Acho que as coisas vêm num fluxo natural... Meu irmão certa vez me disse que não existem mais ícones como antigamente, que não se fazem mais ídolos, que não se vê um sucesso mundial como bandas que já citei e outras que certamente são ouvidas por gerações e gerações.

Bom... A democracia as vezes faz isso, todo mundo podendo, ninguém se destaca. Mas ainda acredito em grandes ícones. Eis aqui alguns... Ivete Sangalo, porra me diz que tu numa ficastes impregnado com alguma música dessa moça? Amy Winehouse, você pode nunca ter ouvido uma música dela, mas ela é a definição atual de sexo drogas e rock in roll (sendo que ela não toca rock, o marido ta preso... Mas ela compensa nas drogas).

E termino esse texto falando do ícone que, pra mim, é o símbolo do novo século, da modernidade... Madonna. Cara, a mulher fez 50 anos, começou a carreira desbancando a doida que canta “Girls Just wanna have fun!” e colocou meninas de 16 anos pra cantar “Like a virgin...”. Faz parcerias atuais agregando a sua música ao publico do momento “Five minutes to save World’ com o Just e o Timbaland. A mulher é minha musa. Fica cada vez mais bonita e atual. Não é a toa que pra conseguir um ingresso dela foi uma cagada aqui no Brasil (mas isso fica pra um outro texto).

Enfim... Saudades todos temos de algumas coisas, ou você me diz que não tem saudade do seus pais pagando suas contas? Mas como tudo, isso e aquilo, fazem parte do processo natural. Então para de reclamar. hehe

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sobre uma vida de verdades

Prometo falar a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade. Temos obsessão pela sinceridade. Dizemos aos quatro cantos, “o que eu não gosto? De Mentira!”. Temos a incrível mania de dizer que preferimos muito mais uma dura realidade que uma doce ilusão. Mentirinhas bobas até deixamos passar. Ela vem e pergunta, “to gorda?”, você olha bem nos olhos dela e diz, “você tá linda!”. Ela até vai retrucar, “mas to gorda?”, e você de novo vai lá, “não, você continua linda como sempre!”. Pronto. Ela pode estar o próprio Kung Fu Panda e até saber disso, mas você disse tudo que ela precisava ouvir. Mentira? Pra ela é amor. Mudamos o conceito da odiável palavrinha. Tudo agora está perfeito.

Mas o que é perfeito? O que é verdade? O que é mentira? Para os otimistas, tudo é perfeito. Para os pessimistas, tudo é mentira. Para os realistas, tudo é questionável. Para os amantes, ninguém é perfeito, a não ser que você que se apaixone pela pessoa. Para os desamantes, tudo estava perfeito, até que você se apaixonou pela pessoa. Cadê a verdade que tava aqui? Já dizia o cantor, mentiras sinceras nos interessam, e muito. Verdades duvidosas não, nenhum pouco.

Ficamos com aquela angústia. Volta a ambição pela sinceridade. Queremos a qualquer custo saber a verdade, por mais implacável que seja. Ansiosamente esperamos por uma resposta positiva, mas sabemos que queremos mesmo ouvir uma mentira muito bem contada, com um sentimento tão intenso que é capaz de mudar a própria realidade. Temos um certo medo da verdade. Não sabê-la nos incomoda, mas sabê-la pode nos incomodar muito mais. Cadê a mentira que tava aqui? Por favor, devolva as fadas ao meu conto.

Mentira tem perna curta. Verdade tem língua grande. Quer saber? Me bombardeie com verdades. Fale tudo que pensa a meu respeito. Tire a hipocrisia de baixo do tapete e pare de pensar em seu lugar ao céu. Deixe todo seu pensamento sarcástico fugir pela fala. Eis a minha obsessão. Mas lembre-se, mentiras sinceras também me interessam. A ignorância é mesmo uma benção.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Check List de uma manhã agradável nessa vida!

  1. ZzZzzZz
  2. X Acordar às 6:30.
  3. Ignorar o despertador e acordar às 7h!
  4. Agradecer a Deus!
  5. Acordar o dogão Mike Wazowski e rir da cara dele de sonolento!
  6. Banhão e aquele blábláblá de coisas matutinas!
  7. X Tomar um super cappuccino pra espertar!
  8. Cumprimentar pessoas estranhas na rua!
  9. X Receber o mesmo cumprimento dessas pessoas!
  10. Chegar na facul e já fazer uma piadinha!
  11. Descobrir que só existem umas 2 pessoas na sala que realmente acordam de bom humor!
  12. 08:08.
  13. Ver que a professora adiou o trabalho chato pro fim do mês!
  14. Falar mais algumas besteiras e ver que o humor da galera já anda em dia às 10h!
  15. Ser recebido com uma super festança pelo Wazowski!
  16. Receber uma mensagem bem legal e se sentir querido!
  17. X Cortar legumes, fritar batata, bife e fazer um super almoço!
  18. Requentar a comida do domingo!
  19. Descobrir que Frango no Tucupi fica bem melhor no outro dia!
  20. ZzZzzZz

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O mistério da bolsa feminina!

Eu sempre me perguntei por que mulheres andam de bolsa e homem não. Quando eu era menor, ganhava bolsa e enchia ela de brinquedo, bombom... E não entendia como a bolsa da minha mãe era tão pesada e cheia e coisa. Uma das minhas curiosidades era saber o que tanto ela levava. Já meu pai, quando saia levava a carteira no bolso de trás e a chave de casa, só.

Atualmente o máximo que você consegue ver no homem é uma pasta (se ele tiver com o notebook) ou uma mochila (pra ir malhar, levar livros, etc..). Já a mulher, com a ajuda da moda, consegue bolsas cada vez maiores e mais pesadas. Isso tem dado problemas nas nossas pobres colunas que já sofrem com o salto alto.

Acho que isso acontece porque o poder de síntese da mulher não existe, simplesmente. A mulher coloca na bolsa tudo o que ela pensa que pode acontecer durante o seu dia. Das coisas mais básicas até as coisas mais ridículas e o que é mais engraçado é o nosso poder de colocar cada vez mais bolsas em nossa vida. Pois usamos bolsinhas dentro da nossa bolsa pra separar as coisas.

Uma bolsa leva o O.B ou absorvente, escova de dentes, fio e creme dental, outra bolsa leva um kit básico de maquiagem (caso você vá emendar), se a mulher usa lentes de contato tem uma bolsa pro colírio, shampoo da lente e a caixinha. Tem a bolsinha de moedas, que é separada da carteira. Temos a carteira, que as vezes é a responsável pela metade do peso total da bolsa e nem sempre tem dinheiro.

Escova e silicone para o cabelo, liga ou piranha...  Um estojo com canetas, band-aid para os calos que o sapato faz e a gente insiste em usar mesmo assim. Lenços de papel para qualquer situação...

É tanta coisa que eu perco a conta. E o mais engraçado é quando nós saímos com essa bolsa e o cara olha e pergunta “Nossa, você ta levando o seu quarto ai dentro?” e logo depois pede pra guardar a carteira dele. Namorados são PHD nisso, reclamar pra depois usufruir.

Acho que na verdade, a gente acaba sendo preparada pra tudo. E o homem anda apenas com uma carteira porque o que ele precisar, é só pedir pra mulher conhecida mais próxima que com certeza ela irá ter dentro da bolsa dela.

Acho que toda mulher tem um pouco de Mary Poppins dentro de si e se pudesse, realmente levaria o seu quarto numa bolsa.  A bolsa da mulher tem tantos mistérios quanto o  banheiro feminino.

Quem sabe um dia, você homem, não acha um bilhetinho jogado dentro da bolsa de uma das mulheres com todas as respostas pras perguntas do mundo?

...

Vai ver por isso mulheres não gostem que ninguém mexa na bolsa delas. Somos detentoras do poder! Ahááá!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A Vida é mesmo um baralho!

E aconteceu a festa no reino de Ouros. Infelizmente, assim que cheguei, logo vi a Dama de Ouros com 2 de Espadas, logo ela, tão simpática e linda, tão cheia de si, com 2! O Rei de Copas dando em cima de 4 de Ouros, mas esse já era de se esperar, há garotas que ainda se deixam levar por suas cantadas de papelão. E, pasmem, pegaram o Ás de Espadas com 3 de Paus!!! Apesar da surpresa, devia saber que espada corta mesmo pros dois lados. Esse mundo tá perdido!

5 de Paus ali num canto, sem saber como se portar. 2 de Ouros desfilando com sorrisos que nem demonstravam a angústia e aflição que tinha por dentro. O Rei de Espadas contando com entusiasmo sobre seu mais novo conversível, ao seu subordinado Valete. Pobre Valete, tendo que ouvir a mesma historinha todas as vezes.

No fundo, eram todos iguais, as mesmas cartas de sempre. Todas indo e vindo do monte, entrando e saindo do jogo como sempre faziam. Nada de novo, nem mesmo os truques na manga. Sempre as mesmas espiadinhas, os mesmos gestos de coçar a orelha, as mesmas piscadinhas. A bebida era o Dry Martini de sempre, que nem gostavam, mas era a força do hábito.

E eu até me via como um estranho ali. A festa era à fantasia, mas todos me olhavam como se tivesse vindo ao lugar errado. Todos com seus naipes, e não acreditavam como eu nem havia me importado em chegar sozinho. Festa é festa, pra que regras? Regras, havia esquecido. Eles ali aparentavam seguir as regras do jogo, a não ser quando ninguém estivesse olhando, claro. Eu ia na contra-mão disso tudo, escancaradamente fugia do sistema. Cheio de piadinhas em momentos inesperados, besteiras a contar como grandes feitos, peripécias desimportantes e discussões irrelevantes. O próprio bobo da corte, diziam aos cochichos.

Bobos são vocês. Enquanto eu viro peça de uma rara coleção, vocês insistem em voltar pra caixa no fim da festa...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Hoje, passeando pela internet, achei um blog que tinha uma “Receita para amar uma gordinha”. Segue abaixo o poeminha:


Para se amar uma gordinha, antes de mais nada

Faz-se necessário achá-la!

Não, não se acham gordinhas por aí!

Gordinhas são como um vinho muito raro,

Fruto de uma colheita precisa,

No tempo certo,

Da uva perfeita,

Da maturação exata.

 

Procure, converse com quem sabe,

Peça ajuda a quem tem!

E com toda a calma, achando uma,

Com o coração na mão,

Declare-se apaixonadamente!

 

Uma vez resolvido este problema,

Trate de aprender algumas coisas:

A diferença entre a sacarose e a sacarina,

Entre um almoço e um lanchinho,

Mas, principalmente,

Aprenda a diferenciar,

O "amor vamos comer uma coisinha!"

Do "amor", vamos fazer uma boquinha!"

 

Procure não misturar,

O ato com o prato,

O teso com o peso,

O come com a fome,

E trate de viver feliz e em paz!

 

Eu como uma gordinha convicta, adorei a primeira parte e odiei a última. E vamos a realidade dos fatos...

Gente, achar gordinhas não é tão complicado assim. Difícil é achar aquela gordinha tão charmosa quando as meninas mais esbeltas. Aquela que não se intimida e não se aperta nas roupas. Mulheres gordinhas de atitude, são como vinho...

Agora a parte da comida é meio ridícula... Só porque é gorda tem sempre que comer muito? Nada a ver... As gordinhas também fazem dieta, comem salada e também comem pouco nos primeiros encontros.

Agora sabe qual a vantagem de se apaixonar por mulheres gordinhas? Você mode apreciar sem moderação! Hahahaha

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Assim a vida me fez

Eu já nem finjo ter paciência. O tempo que eu tenho a perder, perco comigo, e só. Com os outros, se não ganhar o tempo com eles, lamento, mas não terei essa virtude.

Não tenho suportado pessoas sem graça, sem vida, ignorantes, que não sejam capazes de rir de si mesmas. Chatas, eu diria. Não tenho vocação mais pra isso. Você diz “oi” e a pessoa nem... Dá um sorriso e a pessoa tchun... Cadê o bom humor que tava aqui? Acha que tá falando com aquele sofá em que acabou de bater o mindinho na quina? Lamento, minha irreverência agora é seletiva. Meu bom dia é só pra quem realmente quero que tenha um dia agradável.

E não me sinto mal por isso. Talvez tenha mesmo perdido minha passagem de 1ª classe pro céu. Mas não me importo em ficar com a barrinha de cereal. Não dou mais o direito de interferirem em minha paz de espírito. Se você tem feito tudo errado, não emprestarei mais minha eficiência em solucionar o tédio.

Mas sou eternamente vulnerável a quem é capaz de rir dos seus defeitos às 2 tarde de uma terça-feira, a quem se deixa levar por piadinhas infames, a quem não se importa de desenhar um relógio de caneta bic no braço, a quem se propõe a passar uma tarde inteira falando nada com nada, pelo simples prazer de ganhar um tempo divertido.

Se for tirar férias prolongadas pro país das irreverências, me convide. Esperarei pacientemente por você na estação.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Dicionário Paraense

Quando estamos longe de casa, somos logo percebidos... E logo depois confundidos com cariocas, mas não. Se vocês se depararem com algumas expressões singulares, você estarão de frente com um típico paraense. Então para vocês entenderem nossas girias, lá vai o dicionário paraense!

ÉGUA: Vírgula do paraense, usada entre mil de mil frases ditas, e com essa expressão, ele não tem a menor chance de errar nas concordâncias...

LEVOU O FARELO: Se deu mau!

PITIÚ: cheiro de característico de peixe, você consegue sentí-lo com maior intensidade no VER-O-PESO, cheiro de ovo também é pitiú.

SÓ-TE-DIGO-VAI: Expressão usada pelas mães pra chamar a atenção dos filhos mal ouvidos, quando não as obedecem!

TE ACOCA: Te abaixa.

MUITO PALHA: Muito ruim. Ex: Essa festa ta muito palha!

MAIS-COMO-ENTÃO?: "Me explique por favor!"

BORA LOGO: Se apresse!

BORIMBORA: Vamos embora

MAS QUANDO OU MAS QUANDO JÁ... : você está mentindo, expressão de quem está duvidando de algo que a pessoa está dizendo.

EU CHOOORO: Significa " não tô nem aí"  

FILHO DUMA EGUA: Filho da mãe

PAI D'EGUA: Excelente 

OLHA JÁ: É mentira!!

ÊÊÊ... : Quando algo que se conta é mentira, também pode anteceder a expressão "Mas quando"

ERAS: Essa expressão pode ter mais de um sentindo, dependendo daforma que é utilizada. Ex: Era de ti... (Ta vendo como tu és? Poxa vida)

TU ALOPRAS: Você passa dos limites, apela 

HUM... TÁ, CHEIROSO: Uma expressão irônica, "Ta gostoso" "Bonitão" 

PUTISTANGA: É uma expressão mais antiga, significa Poxa vida, também pode substituir o Égua em algumas frases. 

UUUULHA: Expressão usada quando quer se referir a algo. 

ASSANHADO: Sinônimo e intrometido, enxerido. 

DIACHO: Expressão de desapontamento. Ex: Mas que diacho de vida! 

CARAPANÃ: Pernilongo, mosquito... 

 PÔ-PÔ-PÔ: Embarcação típica composta por um a canoa coberta ou barco de menor porte, movida a motor de  2 tempos na pôpa.

CALANGO ou OSGA: lagartixa (de chão).

BAITA: Algo legal, bacana. Ex: Vai ter uma baita festa no sábado...

ARREDA AÍ:  afasta aiii

JÁ ESTÁS NO TEU MOMENTO: Quando alguém faz algo que chame atenção, ou dá em cima de outra pessoa...

JÁ VALE???: É usado quando alguém faz algo que desagrade outra pessoa. Ex: Já ta valendo mentir assim?

MAS QUANDO!: Essa expressão difere da "Mas quando já", nesse caso ela é usada pra negação de alguma pergunta. Ex: Vais pro show na sexta?... Resp. Mas quando, to sem dinheiro! 

ESMIGALHAR: Amassar, desmanchar

ESBANDALHAR: Quebrar

RALHAR: Brigar

DIZQUE...: Uma interjeição de ironia. Ex: Disque ele conheceu a Juliana Paes. Hahahaha

COQUE: Um leve soco com a falange dos dedos na cabeça, cascudo.

PAPUDINHO: Pessoa que bebe muito, cachaceiro

DISPRÉ: Algo ruim, vergonhoso

JÁ QUERES...: Expressão usada quando uma pessoa está interessada em outra. Ex: Olha aquele menino ali... Bonito. Resp. Já queres né?

PAPA-CHIBÉ: Paraense autêntico, aquele que não troca seu pirão de água com farinha.

MANINHU: Amigo, Colega

HEBE: Sinônimo de égua, caramba 

XIRÍ: Orgão genital feminino  

GITA ou GITITA: Pequena, pequenina. 

TEBA: Grande.

CHOPE: É o mesmo que sacolé.

PÃO CARECA: Pão francês, cacetinho.

DAR A FORRA: Retribuir um favor prestrado por alguém. Ex: “Pedro deu a forra na conta”

TORÓ: Chuva forte.

CABOQUICE: Adjetivo que diminui algo/fato. Fazer caboquice...


Acho que depois desse dicionário paraense, não tem mais como confundir!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Estreando o blog falando baboseira. Lóóógico!!

Moro sozinha desde fevereiro e o que mais me incomoda não é lavar a louça ou o banheiro... É ficar no silêncio a noite.

Minha casa antes parecia uma pensão. Imagine um  edifício onde o andar inteiro é da família... Na minha casa cinco pessoas com hábitos totalmente diferentes morando juntas, minha mãe que sempre dormia cedo, meu pai que roncava em frente a TV, meu irmão que tocava guitarra e ouvia músicas pesadas num volume que as vezes incomodava, minha irmã de criação com quem eu fazia acordos pra ganhar o meu jantar, eu e um cachorro viralata que não parava quieto um segundo.Troquei tudo isso por uma casa silenciosa onde a TV é minha companhia.

Vícios velhos: reclamar da falta de privacidade, reclamar do barulho, assistir TV conversando sobre o que está passando, inventar um jantar diferente, bagunçar o meu quarto...

Vícios novos: baixar filmes, assistir Dona Beija no SBT, dormir na sala, tomar sopa instantânea por preguiça de fazer o jantar, falar sozinha e fazer da internet a minha melhor amiga.

É engraçado como a solidão muda a gente. Falar boa noite pro William Boner, pra mim, era coisa do meu avô, saber da hora pela programação da TV era coisa de dona de casa... Hábitos mudam do dia pra noite de acordo com nossas necessidades.

A solidão me fez mais vaidosa, mais prendada, talvez até mais feminina. Tenho visto mais filmes, lido mais livros. Morar só tem me feito menos desleixada.

Mas ô saudade da pensão da Dona Sandroca...