terça-feira, 3 de novembro de 2009

Em homenagem

A muito tempo não escrevo nesse blog, e hoje resolvi contar a história de um personagem que passou pela minha vida e que infelizmente não foi eterno.
Uma pessoa com a incrível capacidade de puxar conversa e eu não to falando apenas de tagarelar sem parar (pois isso eu faço bem), mas de conversar com qualquer pessoa sobre qualquer assunto.
Meu avô era assim. Fila de banco era a oportunidade perfeita para falar da sua bem sucedida cirurgia de câncer no estômago, feiras e filas de supermercados eram lugares propícios para perguntar qual era o caixa preferencial porque ele tinha duas pontes de safena e uma mamária e não podia ficar esperando... Conseguia arranjar afilhado tão quanto coelho faz filhotes. Era uma pessoa contagiante!
Os assuntos que o meu avô puxava eram dos mais variados e me impressionava a capacidade dele de saber que assunto puxar com cada pessoa. A política geralmente era com os taxistas (nunca vi um assunto melhor pra se falar com um motorista do que falar mal do prefeito), com as senhoras falava da aposentadoria e do preço caro das coisas.
Com os mais novos ele tendia ao saudosismo... Falava dos tempos áureos dele e de como ele aprontou nessa vida. Do primeiro emprego e de como subiu na vida e criou 3 filhos.
Cor de índio, olhos verdes, baixinho e abusado. Boemia era um dos seus sobrenomes, ele era uma mistura de hippie, punk, boêmio... Cecílio era o nome verdadeiro, mas era conhecido como Seu Popó, personagem de Chico Anísio que tenho certeza foi inspirado nele.
Brincávamos que as histórias que ele contava deveriam ser escritas num livro. Ele não levava a sério, acho que no fundo sabia que ficaria eternizado por suas histórias contada de maneira singular.
Com seu primeiro salário fechou um puteiro, a primeira vez que viu uma visagem levou porrada da mãe. Foi comissário de bordo na Real Aerovias, trabalhou como contra regra em teatro, já foi de Office boy a diretor de RH do antigo DR, hoje SETRAN. Sua mulher (minha avó) recebeu o corpo da Carmem Miranda no Brasil, tem um filho ator, irmãs loucas e uma família absurdamente unida. Viveu várias vidas numa só. E aproveitou ao máximo do que a vida ofereceu!
Hoje ele descansa das loucuras que fez e vive dentro de cada um que conheceu o personagens, ou pelo menos uma de suas histórias!


Ao meu avô, que foi e sempre será meu herói! Queria escrever tâo bonito quanto foi a sua história!

1 comentários:

Victor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.