quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sobre uma vida de verdades

Prometo falar a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade. Temos obsessão pela sinceridade. Dizemos aos quatro cantos, “o que eu não gosto? De Mentira!”. Temos a incrível mania de dizer que preferimos muito mais uma dura realidade que uma doce ilusão. Mentirinhas bobas até deixamos passar. Ela vem e pergunta, “to gorda?”, você olha bem nos olhos dela e diz, “você tá linda!”. Ela até vai retrucar, “mas to gorda?”, e você de novo vai lá, “não, você continua linda como sempre!”. Pronto. Ela pode estar o próprio Kung Fu Panda e até saber disso, mas você disse tudo que ela precisava ouvir. Mentira? Pra ela é amor. Mudamos o conceito da odiável palavrinha. Tudo agora está perfeito.

Mas o que é perfeito? O que é verdade? O que é mentira? Para os otimistas, tudo é perfeito. Para os pessimistas, tudo é mentira. Para os realistas, tudo é questionável. Para os amantes, ninguém é perfeito, a não ser que você que se apaixone pela pessoa. Para os desamantes, tudo estava perfeito, até que você se apaixonou pela pessoa. Cadê a verdade que tava aqui? Já dizia o cantor, mentiras sinceras nos interessam, e muito. Verdades duvidosas não, nenhum pouco.

Ficamos com aquela angústia. Volta a ambição pela sinceridade. Queremos a qualquer custo saber a verdade, por mais implacável que seja. Ansiosamente esperamos por uma resposta positiva, mas sabemos que queremos mesmo ouvir uma mentira muito bem contada, com um sentimento tão intenso que é capaz de mudar a própria realidade. Temos um certo medo da verdade. Não sabê-la nos incomoda, mas sabê-la pode nos incomodar muito mais. Cadê a mentira que tava aqui? Por favor, devolva as fadas ao meu conto.

Mentira tem perna curta. Verdade tem língua grande. Quer saber? Me bombardeie com verdades. Fale tudo que pensa a meu respeito. Tire a hipocrisia de baixo do tapete e pare de pensar em seu lugar ao céu. Deixe todo seu pensamento sarcástico fugir pela fala. Eis a minha obsessão. Mas lembre-se, mentiras sinceras também me interessam. A ignorância é mesmo uma benção.

2 comentários:

Marcela Condurú disse...

Posso falar uma verdade? Parece um texto que eu escreveria.
Gostei muito! Questionador, no mínimo!
Acho que somos amigos porque temos um tanto de coisas em comum, essa é uma delas!
Gostei mesmo!

Victor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.